quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Liberdade

Ai que prazer

não cumprir um dever.

Ter um livro para ler

e não o fazer!

Ler é maçada,

estudar é nada.

O sol doira sem literatura.

O rio corre bem ou mal,

sem edição original.

E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal

como tem tempo, não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.


Quanto melhor é quando há bruma.

Esperar por D. Sebastião,

Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol que peca

Só quando, em vez de criar, seca.


E mais do que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças,

Nem consta que tivesse biblioteca...



Fernando Pessoa


E é assim que me sinto... não apetece fazer nadaaaaaaaaaaaa.

3 comentários:

Girl in the Clouds disse...

às vezes sabe tão bem não fazer nada!!

Pepita Chocolate disse...

Este é um dos meus poemas favoritos! Lindo mesmo!

Beijoca!

Charlotte disse...

Adoro este poema!
Liberdade é isto mesmo...é poder não fazer nada, se tiver que ser ou não nos apetecer:)

Beijinhos